#SpOrtgivechance, Itália, Spoleto



Bom desporto,
Ser convidado para ir a Itália representar a FPAD - Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes, é sinónimo de, em algum ponto, se estar a fazer a diferença e isso é graças ao "Projecto blue O".
De Portugal fomos 23 pessoas, maioritariamente com diabetes, enfermeiras - todas conhecedoras na 1ª pessoa - médicas da especialidade e acompanhantes. Estiveram 16 países num total de 320 atletas.
O município de Spoleto - Umbria, Itália - através de parceiros nacionais e internacionais, pelo Programa Erasmus +, desenvolveram o projeto com o nome “Diabetic Runners and Cyclists for more sport for all in Europe - "#SPORTGIVECHANCE"” promovendo o desporto na sua envolvente social e capacidade de inclusão.

A FPAD marcou os primeiros pontos logo pela empatia que gerou no "transfer" para Cascia, local de repouso da nossa delegação, da Turquia, Hungria e Bulgária. Para o ano levamos os galhardetes para trocar!
A logística foi enorme e a organização não teve "mãos e pés a medir", no espaço de horas, do programa que nos foi entregue para os 4 dias, haviam alterações e/ou os horários eram atualizados, mas tudo se fez, ou não fosse a nossa líder - "big chefe" - bilingue em Português - Italiano. Tendo lá trabalhado durante 10 anos, era “tu-cá, tu-lá”, gesticulando à medida que falavam, mas sempre com a calma característica da nossa líder... Digno de filme!
As visitas à cidade e os seus pontos de interesse turístico, palestras e colóquios, caminhadas, gincanas para os mais pequenos, e não só, ensaios e as provas de ciclismo de estrada e BTT - 200K e 50K e as corridas citadinas - 11K e 20K.
Portugal destaca-se nas comparticipações associadas à diabetes, algumas na sua totalidade e outras em grande parte; insulinas, glicómetros, agulhas, fitas, lancetas, canetas o Libre. Não confundir com o “ser gratuito”, tudo é pago diretamente por nós, contribuintes, haja saúde! Na disponibilização das bombas de insulina ainda há muito trabalho a fazer, sobretudo, pela existência de uma burocracia orçamental governativa "de 4 anos", se compararmos com alguns países em que é receitada numa consulta da especialidade com todos os benefícios que daí advêm, qualquer um deveria poder experimentar, pelo menos!
A FPAD convocou várias associações nacionais para este encontro, sendo uma experiência enriquecedora a todos os níveis. Fui a “cara” do Projecto blue O e da Associação dos Diab(R)etes-Portugal e voltei a reencontrar os amigos da ANIAD - Associação Nacional Italiana de Atletas Diabéticos, que não falham uma prova! Era durante as refeições que se criavam muitas das sinergias nos pormenores da diabetes, a dita contagem de hidratos dá “pano para mangas”… Há quem tenha balanças ao estilo de um espião (pequenas e discretas), e é tão bom ficar a saber mais sobre a diabetes, sobretudo neste contexto tão importante.
Nestas conversas troco algumas ideias e adquiro sempre novos conhecimentos. Fiquei a conhecer novas pessoas desta “família” e com outros diálogos descobri que, a provável, dor no meu ombro que tive durante vários meses, "frozen sholder", tem uma forte probabilidade de estar associada com a minha diabetes de mais de 20 anos! Muita literatura que tenho pela frente...
Eramos só DT1, e havia de tudo, desde quem tem diabetes há mais de 40 anos até aos adolescentes com a idade das experiências, que também fazem parte! Partilho 2 exemplos; uma criança de 8 anos que “funciona como um Ferrari” com a sua diabetes e a mãe, médica e endócrinologista, era como a “chefe da oficina”, afinava e fazia ajustes no “motor”, só mesmo para estar “tudo a postos”. Privei com um adulto que nunca tinha estado num evento assim, menos ainda, só com pessoas com diabetes. Reconheceu de imediato a “grande empatia que se cria” com as pessoas e os conhecimentos. A minha opinião sobre o facto de “escondermos” a nossa condição “isola-nos" do mundo na qual a diabetes tem de participar, faz parte da aceitação. Participou na prova de BTT, 50K, com 2000m de acumulado positivo, em que na sua condição, e tudo correu bem, várias vezes lhe reforçaram a coragem e o exemplo. Percebe-se a força com que se fica para tratar a nossa diabetes e partilhar com os outros como é possível?
Na gincana de obstáculos os pequenos superaram os medos que "levavam nos pedais"... Na corrida de 11K todos finalizaram, uns numa estreia, outros com “recorde pessoal”, outros a caminhar, mas todos com sentimento de superação pessoal. Fica-se com uma força maior para tratar da nossa diabetes. Nos 21K trouxemos um 1º e um 6º lugar. O nosso 1º lugar já tem currículo em Itália e até é campeão europeu de maratona, 42K, para atletas com diabetes.
FPAD - Federação Portuguesa das Associações de Pessoas com Diabetes apelidou-nos de “fenómenos” pelas nossas atitudes, que perante a diabetes, são as pessoas que munidas das ferramentas necessárias tomam ações, mostrando que é possível desmistificar a doença, cada um à sua maneira. Obrigado.
Desporto bom,
casf

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